A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO), divulgou na sexta-feira, 23, o número de violências interpessoais e autoprovocadas no Tocantins. Conforme o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) os maiores registros de notificações no período de 2020 a 2024 são de violência física, lesão autoprovocada, negligência e violência sexual. O maior número de violência interpessoal e violências autoprovocadas ocorreram nas residências, seguida de ocorrências nas vias públicas. Neste período, 6974 pessoas sofreram algum destes tipos de violências.
Dados do Sinan também revelam o quantitativo de violência interpessoal e autoprovocada nas oito regiões de saúde (Bico do papagaio, Médio Norte Araguaia, Cerrado Tocantins Araguaia, Capim Dourado, Amor Perfeito, Cantão, Ilha do Bananal e Região Sudeste) e que foram notificados em 2025. Um total de 2352 casos, sendo de maior incidência na região Capim Dourado com 697 casos.
Segundo a diretora de Vigilância das Doenças Transmissíveis e não Transmissíveis da SES-TO, Gisele Carvalho Luz, “discutir a temática é essencial diante da preocupante situação epidemiológica no Tocantins e no Brasil. Conhecer a realidade por meio da vigilância não é apenas gerar estatísticas, mas possibilitar ações concretas que qualifiquem a assistência e previnam novos casos. A subnotificação, alerta, impede a alocação adequada de recursos e o planejamento de políticas públicas efetivas”.
A consultora técnica da Coordenação Geral de Doenças e Agravos não Transmissíveis (CGDANT/MS), Ranielle de Paula Silva, enfatizou a atuação do Sistema Único de Saúde (SUS), no enfrentamento às violências. “É um fenômeno complexo, com múltiplas causas, e por isso exige uma resposta intersetorial envolvendo saúde, educação, assistência social, segurança pública e justiça. Segundo Raniele, integrar esses setores é desafiador, mas fundamental para garantir cuidado e proteção às vítimas. A articulação em rede, além de fortalecer o território, subsidia políticas públicas mais eficazes e alinhadas à realidade local”.
Para a gerente de Promoção à Saúde e Agravos Não-transmissíveis da SES-TO, Gracinete de Lima Frutuoso, “a união entre Ministério da Saúde, Estado e municípios é essencial para fortalecer a rede de atenção, especialmente durante o Maio Laranja, mês dedicado ao enfrentamento das violências interpessoal e autoprovocada, contribui para a formação dos servidores e aprimora a qualidade do atendimento prestado”.
A psicóloga Mônica Andrade destacou que os casos de violência interpessoal e autoprovocada vêm crescendo de forma preocupante no Tocantins. “Os tipos de violência com maior número de notificações são a física, a autoprovocada, a negligência/abandono e a sexual. As regiões com maior incidência são Capim Dourado, Médio Norte Araguaia e Ilha do Bananal, que são as áreas com maior densidade populacional e concentração de serviços de referência, o que contribui para mais registros”.
Debater a temática de forma intersetorial envolvendo profissionais de áreas distintas é o que destaca a professora da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Leidiene Ferreira Santos. “A universidade tem papel fundamental na produção de pesquisa e propostas de intervenção desde a infância até a vida universitária, contribuindo com políticas públicas e estratégias de prevenção. E o trabalho em rede e capacitação contínua dos profissionais para melhorar os indicadores e atender as demandas sociais”.
A enfermeira Lua Enaieny da Silva do município de Taipas, frisou a importância de debater o assunto com outros profissionais. “A capacitação contribui para um atendimento mais acolhedor e eficaz, amplia o olhar dos profissionais da Atenção Primária. No município, há situações relevantes, principalmente de violência contra mulheres e afirma sair mais preparada para lidar com essas ocorrências”.